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O Narcisismo sob a Lente Psicanalítica na Contemporaneidade

  • Dani Bonachela
  • 2 de set.
  • 2 min de leitura
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Sob a ótica psicanalítica, o narcisismo é muito mais que vaidade; é um alicerce fundamental da psique. Trata-se de um movimento primordial de investimento no próprio eu, essencial para a construção da subjetividade. Essa força, no entanto, se desdobra em duas faces: uma que sustenta a vida psíquica e outra que a aprisiona.


O narcisismo saudável é a base da autoestima. É ele que nos permite reconhecer nosso próprio valor e nos constituir como indivíduos únicos. Paradoxalmente, é esse amor próprio equilibrado que nos capacita a sair de nós mesmos, nos abrindo ao mundo e aos outros de forma genuína. Ele é a âncora que garante nossa autonomia, protegendo-nos da fragilidade e da dependência absoluta da validação externa.


Já o narcisismo patológico surge quando esse investimento no eu se fecha em si mesmo, tornando-se uma fortaleza. O sujeito, então, isola-se, tornando incapaz de verdadeiramente incluir o Outro em sua dinâmica psíquica. Nas relações, isso se traduz em uma necessidade incessante de controle, uma dificuldade profunda de escutar e uma fome insaciável por admiração. Aqui, a grandiosidade e a autossuficiência aparentes são máscaras que escondem um eu frágil e vulnerável.


A contemporaneidade oferece um terreno fértil para essa patologia. Nas redes sociais, somos incentivados a cultivar um eu idealizado, permanentemente exposto à cultura da comparação e da validação instantânea. A busca por likes pode, assim, corroer a autoestima que pretende alimentar, criando um ciclo de dependência e vazio.

A psicanálise nos oferece um antídoto potente para esta armadilha. Ela nos lembra que a força vital não reside na ilusão de sermos completos e autossuficientes. Pelo contrário, nossa potência emerge justamente do reconhecimento de nossa falta constitutiva. É essa falta que é o motor do desejo e a base para todas as trocas verdadeiras. Aceitá-la não é uma fraqueza, mas a condição para nos relacionarmos de forma mais autêntica e habitarmos o mundo de maneira menos defensiva e mais plena.

 
 
 

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