O que é psicanálise?
- Dani Bonachela
- 3 de fev. de 2023
- 4 min de leitura
A psicanálise é um campo clínico de investigação teórica da psique humana independente da psicologia, desenvolvido por Sigmund Freud. É uma das formas de psicoterapia mais conhecidas e abrangentes, e até mesmo profissionais de outras áreas além dos psicólogos podem ser psicanalistas. Mas o que será que um psicanalista faz?

O que é psicanálise?
A psicanálise é um campo clínico de estudo e investigação teórica da psique humana, independente da Psicologia, criada por Sigmund Freud, um neurologista alemão que propôs um método caracterizado em especial pela aplicação da técnica da livre associação. É ainda, uma teoria da personalidade e um procedimento de psicoterapia que influenciou diversas correntes de pensamento e disciplinas das ciências humanas, cuja base teórica dá suporte a compreensão da ética, da moralidade e da cultura humana.
Pode-se dizer que seu principal objetivo é “desvendar” ou compreender o inconsciente, o qual Freud acreditava que seria a grande causa dos problemas que afligiam as pessoas.
De forma bastante resumida, a psicanálise se baseia em alguns modelos e teorias, que embora sejam diferentes, buscam enfatizar a influência dos elementos inconscientes sobre o consciente. Dentre elas:
Modelo topográfico: foi nomeado e descrito por Sigmund Freud e propõe que o aparelho psíquico pode ser dividido nos sistemas Consciente, Pré-consciente e Inconsciente. Esses sistemas não seriam estruturas anatômicas, mas sim processos mentais.
Modelo estrutural: este modelo divide a psique em id, ego e superego. O id está presente desde o nascimento como repositório dos instintos básicos, chamados por Freud de pulsão; é um sistema desorganizado, inconsciente, e opera através do princípio do prazer, sem realismo ou previsão. Diferentemente, o ego se desenvolve gradualmente, preocupando-se em mediar as urgências do id e as realidades do mundo externo, operando no princípio da realidade. Já o superego é considerado a parte do ego em que se desenvolvem a auto-observação, a autocrítica e outras faculdades reflexivas de julgamento. O ego e o superego estão parcialmente conscientes e parcialmente inconscientes.
Benefícios da psicanálise
Embora ainda exista algum preconceito quando se trata de buscar ajuda para saúde mental, a psicanálise possui inúmeros benefícios. Ela tem se mostrado eficaz para tratar uma série de transtornos mentais e queixas em relação à saúde mental, tais como: depressão, crises de ansiedade, síndrome do estresse pós-traumático, fobias, ataques de pânico, transtornos alimentares, insatisfação com a vida, baixa autoestima, problemas no relacionamento, problemas sexuais, comportamentos autodestrutivos, insônia, pensamentos suicidas, vícios e outros.
Função do psicanalista
O psicanalista é o profissional que atua no atendimento de pacientes por meio de algumas técnicas. Sua principal atribuição é desvendar o inconsciente humano, auxiliando na resolução de traumas, medos e dores emocionais. Para isso, são realizadas sessões de longa duração com a finalidade de investigar a mente de seu paciente, revelando possíveis memórias e sentimentos reprimidos.
O psicanalista baseia-se na teoria da Psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, no qual um padrão negativo de ações e sentimentos podem estar relacionados diretamente a um acontecimento passado. E, talvez por isso, a psicanálise pode ser sim um processo mais longo, no qual o profissional investiga a mente do paciente à procura de possíveis memórias e sentimentos reprimidos. É o psicanalista quem ajuda o paciente a ampliar sua consciência e entender os motivos de ser como é, bem como buscar uma mudança de perspectiva no que afeta negativamente e prejudica sua vida, possibilitando, assim, seu crescimento.
Como funcionam as sessões?
De modo geral as sessões têm duração de aproximadamente de 50 minutos e podem ser realizadas de uma à cinco vezes na semana. É um tempo para o cliente falar sobre suas demandas, elaborar questionamentos e buscar compreensão de seus problemas. Enquanto isso, o psicanalista toma nota dos padrões em seu discurso, na linguagem não verbal, nos esquecimentos e tópicos que causam desconforto, organizando as informações até então "desconhecidas" pelo paciente, sendo encorajado a tomar consciência de suas ações comandadas pelo inconsciente. Ocorrendo, assim, ao longo das sessões, um desenvolvimento de sua auto percepção, a medida em que percebe seus processos mentais com mais clareza.
As sessões podem possuir frequência aumentada dependendo do aprofundamento necessário no inconsciente do paciente, favorecendo as conexões entre a mente consciente e inconsciente do paciente por estarem frescas para as próximas sessões.
Além disso, é possível ir tratando de questões do cotidiano ao longo de seu acontecimento, sendo certo que as sessões de psicoterapia promovem esclarecimentos a respeito de como vivemos e podemos agir de maneira mais adequada.
Técnicas utilizadas nas sessões
Existem diversas técnicas psicanalíticas que podem ser utilizadas, dentre elas:
Associação livre: utilizada para que o cliente fale a primeira coisa que vier à mente, livremente, sem se preocupar em racionalizar suas falas
Interpretação dos sonhos: utilizada para identificar conteúdos inconscientes, símbolos e padrões que façam sentido.
Transferência: o cliente, muitas vezes sem perceber, transfere os sentimentos que possuía por uma pessoa do passado para outra do presente. Isso pode ocorrer entre terapeuta e cliente e cabe identificar esse processo e quebrar o vínculo entre memória e presente.
Interpretação: identificar momentos importantes de informação que o cliente deixa escapar durante a sessão ao falar sobre assuntos aleatórios. A escolha de palavras e da frase é analisada para desvendar sentimentos atrelados a elas.
O papel do divã na psicanálise
O divã, sempre tão relacionado à psicanálise para muitas pessoas, foi na verdade um presente de agradecimento de uma paciente de Freud para seu escritório. Freud percebeu que o divã poderia ocupar um lugar fundamental na psicoterapia, já que os clientes precisavam de um lugar adequado o suficiente para libertar sua mente, frequentemente sem o contato visual com o terapeuta. O convite feito pelo analista ao divã equivale a uma espécie de contrato terapêutico que promove expressar livremente os conteúdos inconscientes, dada a cumplicidade conquistada entre terapeuta e cliente. Nem sempre os pacientes se sentem confortáveis no divã, pelo contrário, se sentem vulneráveis por estarem deitados e por não terem a visão da face do analista.




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